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sábado, 23 de abril de 2011

Günter Behnisch: Arquitetura Pós-moderna

Günter Behnisch, com seus numerosos prêmios nacionais e internacionais, trabalhos premiados e várias menções honrosas é um dos arquitetos alemães mais reconhecidos mundialmente. 

Durante seu tempo como prisioneiro de guerra na Inglaterra, durante o período de 1945 a 1947, conheceu seu primeiro professor Bernd Kösters. Com ele aprendeu sobre as variedades dos materiais construtivos e sobre a Universidade de Stuttgart. Onde, a partir de 1947, começou a estudar arquitetura. Neste período, Behnisch teve conhecimento sobre as divergências entre aqueles que acreditavam no Modernismo e os representantes da antiga escola de Stuttgart, que depois de 1945, estavam tentando reestabelecer sua reputação.
 
A partir de 1952 começou a construir vários projetos institucionais, principalmente no sul da Alemanha. Ele orientava seus projetos nas questões regionais, usando métodos de construção tradicionais, fazendo uma combinação interessante de materias, design e padrões espaciais, incorporando também ideias contemporâneas. Criou seu próprio escritório com Bruno Lambart.
 
Na década de 60, já começava a ganhar reconhecimento e a trabalhar intensamente com a indústria construtiva, analisando as possibilidades dos componentes pré-fabricados e, em particular, em um novo sistema de construção escolar. Algumas tentativas experimentais foram no ginásio Hohenstaufen em Göppingen, 1959, mas só em 1963 que construiu seu primeiro edifício odo feito em estrutura pré-fabricada e elementos não estruturais, o Colégio Técnico de Ulm. Neste processo de criação, Günter Behnisch percebeu o formalismo estético no qual estava seguindo e sua dependência na produção dee métodos, e, ao mesmo tempo, as infinitas possibilidades que essa produção trazia. Projetos arquitetônicos não devem estar sob o jugo da evolução tecnológica, mas em vez disso, a tecnologia deve ser utilizada para ganhar liberdades, a fim de trazer a arte de construir a um nível superior, ligando suas necessidades e suas limitações. Em 1966 criou o escritório Behnisch and Partner.

Em 1972, com seu projeto das Olimpíadas de Munique, motrou um novo caminho arquitetural, juntamente com Egon Eiermann e Sep Ruf, Rolf Gutbrod e Frei Otto. Sua arquitetura era suave, modulada, com formas incertas, cobertas por uma tenda transparente, que trazia uma mensagem de esperança. Um trabalho resultante de uma parceria com profissionais de diversas áreas como Frei Otto, Fritz Leonhardt, Jörg Schlaich.

Nas décadas de 70 a 90, lecionou na Universidade Técnica Darmstadt, onde se abriu para futuros métodos de trabalho inovadores. A solução para uma tarefa ou um projeto, deveria agora tomar em consideração recursos especiais, como suas condições e o potencial daqueles envolvidos. Sempre com uma postura positiva e otimista diante do mundo, mas levando em consideração contradições, conflitos e múltiplos significados. O design só poderá ser entendido em sua totalidade, com todas as suas partes integradas. Buscou também trabalhar com arquitetos jovens, dessa forma, suas obras obtinham um caráter singular.

“Cada um de nossos projetos é o resultado de uma série exigente de processos de seleção e acompanhamentos importantes em desenvolvimentos sociais e políticos. É um "processo interativo" em vez de linear. Nós trabalhamos sem alguma fórmula predeterminada e, deliberadamente, não repetimos os antigos projetos em novos contextos, mas respondem exclusivamente às demandas específicas de projeto e local. O resultado é geralmente um edifício ou estrutura que se transforma ao longo do tempo em um marco histórico familiar e simbólico - emblemáticos do lugar e respeitando o “genius loci". Tais projetos anunciam um grau de inovação -, por vezes, social, tecnológico e, por vezes, são particularmente bem-sucedida quando ocorrem juntos. (…) Nós, como arquitetos, somos movidos pela crença de que nosso ambiente influencia diretamente a qualidade de nossas vidas, seja no local de trabalho, em casa ou em espaços públicos, entre eles. Essa ênfase na dimensão social é fundamental para a nossa filosofia de design, que toma como ponto de partida o reconhecimento de que a arquitetura é gerada pelas necessidades das pessoas, necessidades que podem ser espirituais, bem como materiais.”

Behnisch mergulhou em escritos filosóficos e outros, na busca de novas percepções, impulsos e estímulos para achar justificativas para a construção. Em um processo de constante mutação da forma construída, suas reflexões fundamentalmente eram tecidas em pensamentos indeterminados e formas leves e gestos inacabados. Demonstrou que uma humanização da arquitetura, ligando o projeto às pessoas, é possível, em oposição às condições de construção da época. A cúpula da dissecção das peças de construção e de estrutura, que quase tinha esgotado suas possibilidades, foi encontrado em 1987 ,na Universidade de Stuttgart, o Istituto Hysolaar Forshung - uma arquitetura de colagem e um experimento formal.


Destinado a testes de energia solar, deveria abrigar escritórios e laboratórios, além de apartamentos para os estudantes. Sua ideia inicial era um ambiente que brincava com os jogos de luz e sombra, claro e escuro e as mudanças no espaço como movimentos do sol. Uma casa diferente de uma estrutura convencional, um livre walk-in, um volume aberto ligado por escadas, rampas, pontes, galerias.


Pode-se ver claramente a tendência descostrutiva pós-moderna: a aparente aleatoriedade e irregularidade dos componentes montados faz com que o edifício pareça móvel e desorganizado, como se o processo de design incial tivesse parado e ficou inacabado. Esta situação se reflete na estrutura, já que é uma mistura de containers pré-fabricados e elementos padronizados de aço e vidro. Parece indispensável para o exterior uma falta de qualquer lógica construtiva, mas no interior vê-se uma divisão relativamente clara; O corredor central entende-se a partir de dois volumes, criados a partir da estrutura central de aço vermelho, onde encontra-se os escritórios e os equipamentos laboratoriais, no centro está o local de convívio público. No andar superior estão os alojamentos. Nada é escondido, oculto ou disfarçado: os materiais selecionados são usados em sua essência, sua superfície e propriedades imediatas. Tudo isso imerso em uma paisagem natural do campus, dialogando com o que está a sua volta.

Neste projeto participou o arquitetos Frank Stepper, que era colaborador do grupo Coop Himmelblau, que também neste período fazia investigações arquitetônicas conceituais.

Montaner, em Depois do Movimento Moderno, coloca o escritório como um exemplo de paradigma artístico, uma vez que nesta obra Günter trabalha com componentes para criar sua legitimização diante dos demais e cita o projeto como principal marco de sua carreira, neste contexto. Apresenta o paradoxo existente entre o aumento de possibilidades tecnológicas do período e a arquitetura que quer seguir um campo não normativo da obra de arte. O arquiteto vê, mais no processo construtivo do que nas tecnologias, um meio de negar o que era dito pelo modernismo de Le Corbusier.

Behnisch procura uma relação única e instrumental com o contexto do lugar e com o usuário. Tira a artificialidade e a mecanização e o transforma, sem fazer da arquitetura um espetáculo, em algo único e inovador.

O edifício Hysolar ficou inutilizado por muitos anos após suas pesquisas iniciais, apenas em 2006, a Universidade de Stuttgart decidiu chamar o arquiteto novamente para produzir um estudo de como poderia ser restaurado e renovado para instalar um novo instituto de pesquisa. O processo de renovação contou com uma parceria entre Behnisch Architekten e Harder III Stumpfl. Suas características principais foram mantidas, apenas os sistemas tecnológicos foram atualizados para a realidade atual.

Um projeto muito recente, terminado em 2010, expõe novas características da obra de Behnisch: O retilíneo Laboratório Clínico Park Street, da Universidade de Yale. O edifício é organizado em torno de um grande átrio, de cinco andares que serve como um jardim de inverno público, que facilita a acessibilidade ao local e se envolve ativamente à comunidade. O jardim interno irá fornecer conforto durante todo o ano, enquanto funciona como um ponto de orientação para o porto de New Haven e River Park West. O átrio foi concebido como um lugar convidativo, que estimula propositadamente a interação entre os pesquisadores residentes, equipe médica, pacientes e visitantes. A instalação é flexível para se adaptar à mudanças e necessidades do público. A estrutura de armação de aço é revestido de um sistema da parede de cortina única que é composta por painéis opacos de vidro transparente, translúcido, poroso e colorido, dinamizando a paisagem.



O átrio possui um andar a mais, que dialoga com a rua e o bairro, os outro quatro são dedicados a laboratórios de análises clínicas, banco de sangue e escritórios administrativos. O segundo andar possui um auditório multifuncional de tecnologia avançada e salas de seminários. O nível do porão abriga uma farmácia de serviço completo e local de carregamento primário, para a manutenção. Behnisch Architekten integrou elementos sustentáveis, como iluminação de dia e madeira recuperada no projeto. O local, situado no centro da cidade, forma uma ligação do Campus Central da Universidade de Yale, reforçando a interação com a cidade de New Haven.

Neste edifício pode-se perceber alguma semelhança ao Instituto Hysolar, no que diz respeito ao uso de materiais modernos, na preocupação com o diálogo interno-externo e ao atender ás necessidades do público. A questão da experimentação existe, mas abordada de uma outra forma: não é formal e provem das relações humanas possíveis.

“Há constante evolução da demanda de campos de investigação que as instalações sejam receptivas às mudanças do passando. Laboratórios modernos devem permitir que as exigências, por vezes contraditórias, de trabalho, enquanto concentradas no indivíduo, também promovem ativamente a comunicação interdisciplinar. Flexibilidade e expansibilidade são cada vez mais uma necessidade de práticas de trabalho que irão resultar, inevitavelmente, em laboratórios molhados sendo convertidos em laboratórios de informática e de muilti-funções, que se desenvolverá nos próximos anos, com especificações e requisitos técnicos ainda desconhecidos. Esses edifícios, altamente programados, tendem a ditar um certo tipo de comportamento e de utilização. Eles geralmente não são adequados para qualquer tipo de comportamento alternativo. É, portanto, crucial para proporcionar áreas onde os usuários de um edifício podem se comportar de uma forma não-determinada, onde a interação social pode prosperar em um ambiente que promove o bem-estar do usuário.”

Günter Behnisch faleceu no ano de 2010, atualmente seu irmão, com o qual já trabalhara anteriormente, dá continuidade aos seus trabalhos, com o Behnisch Architekten.

Referências Bibliográficas:

MONTANER, Josep Maria. Depois do movimento moderno: Arquitetura da Segunda Metade do Século XX. Editora: Gustavo Gili, 2007.
SPIEKER, Elisabeth. texto 100714_Guenter_Behnisch_en.pdf, 14.07.2010.
<http://www-users.rwth-aachen.de/Christine.Wolff/>
<http://www.unistuttgart.de/hi/gnt/campus/Stationen/vaihingen/west/info_station_l1.html>
<http://www.spacecoolhunting.it/en/parsepage.php?tpl=tpl_news_detail&sqlpam1=5921>
<http://www.behnisch.com/>

Imagens:

quinta-feira, 24 de março de 2011

"Cluster in the air", Arata Isozaki


Projeto feito em 1960-62, pelo arquiteto japonês Arata Isozaki. 
Cluster é um aglomerado de computadores que utiliza um tipo especial de sistema operacional. No projeto o cluster seriam essas pequenas habitações em forma de capsulas que estariam interligadas por uma estrutura central.


planta de um conjunto de cápsulas
Na planta dá para ter uma ideia de como seriam as moradias: um eixo central que possui duas ramificações de cada lago, que seriam as habitações. Na parte superior da cápsula estaria uma espécie de jardim ou quintal (não tenho certeza). No eixo central também foi projetado mais duas moradias.

Arata Isozaki faz parte de um grupo de arquitetos denominados metabolistas, que na década de 60 buscavam soluções para o caos urbano e a falta de planejamento corrente das cidades japonesas, que cresciam no pós-guerra de forma rápida e descontrolada.

Surgiram projetos que extravasavam os limites da terra e ocupavam espaços no mar e no ar e a ideia de residências móveis que podiam ser deslocadas para qualquer parte. Agregavam tanto valores modernos e das tradições de seu país, e unidos em volta da tecnologia como resposta ao caos urbano, esperavam que a sociedade acompanhasse esta sua visão do avanço tecnológico como avanço social e urbano.

Arata Isozaki pode ser incluído, dentro da classificação feita por Françoise Choay, no grupo de arquitetos da tecnotopia, na qual se encontram Eugène Hénard, Iannanis Xenakis. Principalmente pela monumentalidade de suas obras, além do seu otimismo tecnológico, de cidades enormes e cheias de avanços técnicos. É utópico por serem mais conceituais do que realistas, impossíveis de construir na realidade atual.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

disse que me disse: Jane Jacobs e LAP

Jane Jacobs, autora do livro Morte e vida das grandes cidades aborda o tema da segurança e de como as calçadas são fundamentais para a manutenção da mesma. Quando dizemos que uma cidade não é segura, estamos nos referindo às suas calçadas. O principal ponto da argumentação de Jacobs é a presença de desconhecidos como importante:
"O principal atributo de um distrito urbano próspero é que as pessoas se sintam seguras  e protegidas na rua em meio a tantos desconhecidos (JACOBS, 2000, p. 30)"
Jacobs defende que a manutenção da segurança não é feita pela polícia (ou pelo menos não apenas por ela, que também é necessária), mas …
"[...]pela rede intrincada, quase inconsciente, de controles e padrões de comportamento espontâneos presentes em meio ao próprio povo e por ele aplicados. (JACOBS, 2000, p. 32)"
Ela propõe, então, três condições para que haja pessoas suficientemente nas ruas de forma que elas exerçam a vigilância natural sobre os espaços públicos e, com isso, diminuam a violência:
  1. Deve ser nítida a separação entre o espaço público e o espaço privado;
  2. Devem existir os olhos da rua;
  3. A calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente.
Os olhos da rua são as pessoas que, consciente ou inconscientemente, utilizam o espaço público e/ou costumam contemplá-los de suas casas, exercendo uma vigilância natural sobre o que ali acontece. Jacobs cita como contra-exemplo alguns edifícios muito verticalizados, em que os corredores eram inacessíveis aos olhos, apesar de serem de acesso público, e por isso sofriam enormemente com a depredação e a violência.

A partir dos conceitos da autora, posso perceber nos trabalhos do LAP (Laboratório de Arquitetura Pública da UFMG) uma estreita relação. Os projetos que o grupo vem elaborando traduz muito bem os conceito de Jacobs.
O LAP procura criar o conceito de paisagem cultural no imaginário da população: como alguns locais ícones da cidade são relacionados pelas pessoas e qual o significado posto por elas sobre estes espaços? A arte, a religião, por exemplo, são produtores deste campo de significação do mundo.
Criou-se projetos para intevenções na cidade do Serro que propõe reabilitações de áreas livres e requalificação de paisagem cultural. Locais como a Bica das Lavadeiras, traz este conceito de olhos da rua:
As lavadeiras utilizam o espaço, desde muito tempo, para lavar a roupa, converrsar e encontrar conhecidos, enquanto crianças brincam na água e passam por ali. Elas, sem perceber, vêem tudo que acontece na rua, e como aquele é um espaço comunitário, cuidam dele para no dia seguinte poderem utilizar novamente.
Pensando nas lavadeiras, a prefeitura criou um quarto ao lado com vários tanques e água potável, mas era um local escuro, e que mais separava as mulheres que uniam. Logo, o lugar ficou depredado por vândalos. Assim, a intervenção sugerida era de tentar ampliar aquele espaço de convivência, mas que ele pudesse também ser de todos e que atendesse ás necessidades das lavadeiras.
As pessoas que ali frequentam ou passam têm um papel imprescindível como "os olhos da rua" no centro de Serro e o grupo LAP soube perceber muito sensivelmente essa relação.

fonte:

SABOYA, Renata. Segurança nas cidades: Jane Jacobs e os olhos da rua. Urbanidades. 10 fev. 2010 Disponível em: <http://urbanidades.arq.br/2010/02/seguranca-nas-cidades-jane-jacobs-e-os-olhos-da-rua/>. Acesso em: 30 nov. 2010.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

disse que me disse: Mini Houses


Nas últimas décadas temos visto uma explosão no desenvolvimento de pequenas casas em resposta ao tamanho reduzido das famílias, a densidade das cidades, as demandas dos cidadãos de hoje e a subida no preço por metro quadrado da propriedade. Essas pequenas casas apresentam a solução ideal para profissionais ocupados, casais sem filhos e adultos que querem viver sozinhos ou com parceiros. Longe do conceito do século passado, onde o poder e a importância foram refletidas pelo tamanho de uma casa, casas pequenas (também conhecidas como "mini-casas") apostaram sua alegação no desenvolvimento da arquitetura atual. Em resposta ao aumento deste tipo de pequena propriedade, várias empresas e marcas criaram e desenvolveram produtos especificamente para estes espaços compactos, marcando uma tendência baseada na economia de recursos e ideias minimalistas.

DOMESPACE 72 m² - Quimper, França

MINI HOUSES (FKG) é uma coletânea de quase 700  páginas de edifícios compactos + uma seleção de tendências para a falta de espaço, como mobiliário e decoração. Cada imagem vem com uma informação básica: a área em que ocupa.
Desde de pequenas casinhas nas árvores até modernas construções em centros movimentados. O que mais me chamou atenção foi a predominância de arquitetos e engenheiros japoneses! O Japão, já se sabe, é um país de densidade demográfica elevada e as soluções para isso não faltam. Algumas plantas são tão complexas que é preciso uma analise até profunda: como cabe cozinha-banheiro-quarto-sala em menos de 11 m²? 

KITHOUSE K3 - 11 m²
Apesar de ter gostado bastante, achei a maioria dos projetos um pouco elitizado. São compactos, mas muitas vezes não são baratos. Acho que o maior desafio seria criar um projeto como este que fosse acessível a todas as classes sociais, porque na realidade são as pessoas mais pobres que não têm meios para comprar uma casa grande ou um terreno para construir. Acho que dessa forma a democratização desses espaços aconteceria: casas pequenas e próximas dos centros das cidades para ambos os lados, aqueles que não podem comprar uma casa grande e aqueles que procuram conforto e praticidade.
HOUSE IN CHELSEA - New York

Fonte: MINI HOUSES
Editorial project: LOFT Publications Barcelona, Espanha.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

disse que me disse: Raumlaborberlin: SOFT SOLUTION


Raumlaborberlin é um grupo que começou a trabalhar sobre as questões da arquitetura contemporânea e do urbanismo em 1999. Interdisciplinando várias equipes de trabalho, investigam as estratégias de renovação urbana. Eles fazem desenhos urbanos, projetos arquitetônicos, construção de ambientes interativos e investigação. 
Assim, para o quarto mês Europeu de Fotografia o grupo Raumlabor realiza a instalação SOFT SOLUTION (solução suave) localizado no centro do festival na Berlinische Galerie.A instalação abre-se num diálogo entre as aparências de uma estrutura espacial: do lado de fora ela é macia pneumática, efêmera e no interior é afiada e dura. Qual é a original e qual é a cópia? É uma metamorfose ou um reflexo embaçado?


Enquanto no interior o objeto icônico que faz um grid com a construção encontrada, a parte ao ar livre funciona como um atrativo e um ativador do espaço público.



As formas se assemelham, mas o uso de materiais diferentes cria essa dualidade proposta pelos arquitetos. O uso do plástico colorido e do  inflável, no lado de fora, proporciona um lugar convidativo para o público que vem visitar o museu: as formas geométricas se contrapoem dando assim um aspecto mais lúdico; as pessoas que sentam ou que deitam nos colchões de ar interligados ficam ora virados de frente uns para os outros, ora de lado. O fato de ser uma estrutura vazada também contribui para a interação entre as pessoas, algo que vem com o 'esconde-esconde' dos pilares. Já no lado interno a estrutura é reta e esquia. Não é tão livre quanto o exterior, pois é condicionada pelo edifício construído. Dessa forma, contribui para a melhor divisão dos espaços, como no caso de dar mais privacidade ás pessoas que sentam para tomar um café e conversar. Sua intenção contrapõe a estrutura exterior. Apesar de quê essa divisão não é feita de forma dura ou determinante, pois também é composta de pilares e não de paredes, ou seja, a visão também é ampla.



Equipe: Andrea Hofmann, Francesco Apuzzo, Axel Timmcom Armin Fuchs, Göthner cristã, Antonelli Cristina, Anna Wulf, Zachmann Laura, Petermann Tomas, Pasquali e Lúcia Bock Christine.

fonte: http://www.raumlabor.net/

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

sobre Ouro Preto, cidade universitária, comparação


Voltando de mais um fim de semana em ouro preto, fiquei pensando sobre várias questões sobre a mudança da cidade desde a minha infância e das férias incontáveis que passei lá. 
Muito se fala a respeito da especulação imobiliária, com a expansão dos cursos da UFOP, a procura por moradia pelos estudantes que vem de fora é cada vez maior. As dezenas de  repúblicas que têm não conseguem atender todo mundo e é claro que há quem não queria passar pela experiência de ser 'bixo'. A universidade desde alguns anos atrás tem investido na construção de alojamentos  na região do campus destinados a estudantes mais carentes, para morar é preciso passar por uma avaliação do padrão socioeconômico do aluno, assim como é feito na UFMG, pela FUMP. 
Por ser uma cidade tombada pelo patrimônio histórico da humanidade, não é permitido a construção de edifícios maiores do que 3 andares no centro, o que também dificulta mudanças. Isto valoriza muito os imóveis dessa região. Uma das alternativas é o bairro da Bauxita, que agora já se vê inúmeros pequenos prédios, a maioria para o aluguel de kitnets. É como atravessar a rua e estar em uma cidade completamente diferente. 
A expansão da universidade e a criação de novos bairros, ajudou muito no crescimento da cidade e também no turismo. Este fim de semana mesmo, acontecia o festival de jazz, que atrai muitos turistas, além de vários outros eventos artísticos que acontecem na cidade todo ano. 
Apesar de tudo já podemos perceber sinais de problemas de cidade grande: engarrafamento! Nunca pensei que ia andar na rua e parar pra assistir a quantidade de carros parados no centro. Lugar para estacionar nem pensar nessas ruas estreitas, onibus sobe e desce morro lotado. Até ouço a voz do meu pai dizendo que 'na época dele' subia esses morros todos a pé, que parava na praça tiradentes para jogar conversa fora, que hoje tudo isso mudou. Mesmo no pouco tempo de vida que tenho, eu mesma já reparei que muita coisa mudou, as ruas andam mais vazias que antigamente mesmo, apesar de estar mais populosa, de ter crescido bastante.
e aí comparo com meu outro post sobre brasília "máquina de morar":
cidade que conforma as pessoas (brasília) ou as pessoas que conformam a cidade (ouro preto)?
Penso em Ouro Preto e lembro das praças perto das igrejas, das casas geminadas que olham umas para as outras, na vizinhança entrosada de alguns anos atras que agora vai se perdendo...
E aí penso em Brasília e lembro das linhas retas, das grandes avenidas, dos carros, inúmeros, mas vejo também momentos que tive de grande integração por causa dessa arquitetura, de uma forma diferente ao encará-la...
fica aquela interrogativa: a arquitetura define o indivíduo? ou não?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Museu da República, Brasília e minhas impressões

Olhando algumas notícias no site do Correio Braziliense nas últimas semanas, me deparei com uma matéria falando sobre o Museu da República, construído em 2006 a partir do projeto de Oscar Niemeyer. O texto  apresenta seus prós e contras, destacando as obras que fazem e que irão fazer parte do acervo do museu e também sobre verbas públicas destinadas a ele. 
O que mais me chamou atenção foram os problemas de acesso ao museu e as dificuldades de conservação das obras de arte. Wagner Barja, que está a frente da instituição ainda destaca "O museu é como o Titanic no lago Paranoá"


Quando houve a inauguração do museu, eu morava em Brasília já a 8 anos e ao visitá-lo percebi como a minha implicancia com a cidade persistia. A area na qual ele foi construído, anteriormente era formada por várias árvores nativas e plantas rasteiras. Tudo foi a baixo e cimentaram uma área enorme em volta do museu, sem iluminação, sem bancos ou sombras. Diga-se de passagem a cidade é de clima muito quente, quase impossível andar sem ter uma garrafinha de água, óculos de sol... A proximidade da rodoviária é importante, mas a maioria das pessoas que a utilizam não frequentam o museu, daí a falta de estacionamento. Além de calçadas, pois atravessar o eixo monumento andando, com a quantidade de carros é muito perigoso. 
Lembro de ir em um show de música eletrônica em comemoração dos 50 anos da cidade com alguns amigos. Fui de carona e tivemos que estacionar no setor de autarquias, muito mal iluminado, tivemos que andar na grama e por uma escada que era quase um banheiro público a céu aberto. O show era de graça, mas pra chegar perto do palco tivemos que pagar 15 reais na "área VIP". O preço de bebida e comida era exorbitante. Foi o único evento 'gratuíto' que participei na semana de comemoração.
Deixei de ir á vários espetáculos gratuitos do Cena Contemporânea, festival internacional de teatro que acontece todo ano, por causa da falta de acesso ao museu. Vários espetáculos são apresentados na área externa, mas linhas de ônibus durante a noite é quase extinta em brasília e ir de metrô não compensa, pelo tanto que eu teria que andar a pé. E olha que eu morei na 403 sul, que deveria ser no centro da cidade, perto de tudo.
Perto de tudo se você tem um carro.
Acho que Brasília serviu para o proposíto na qual foi construída. É mesmo uma cidade "máquina" de morar. E acaba que o povo que nasceu na capital é assim frio, distante, isolado... 
Morei 10 anos no mesmo prédio e só tive contato com um vizinho, os outros eu nem conhecia, quando via, não ouvia bom-dia. Acaba que a gente acostuma com isso depois de um tempo... Mas sempre me senti deslocada lá. Acho que é essa coisa da minha mineirisse.
A gente acaba dando um jeito de colocar um pouco mais de humanidade na coisa:

piquenique no parque da cidade x]